segunda-feira, 3 de novembro de 2014

[Fichamento do 1º Capítulo] Crítica da imagem eurocêntrica: multiculturalismo e representação

SHOHAT, Ella; STAM, Robert. Crítica da imagem eurocêntrica: multiculturalismo e representação (trad. Mário Soares) São Paulo: Cosac e Naify, 2006

Isabella Colombo
Centro Universitário de Araraquara

O primeiro capítulo do livro com o nome "Do eurocentrismo ao policentrismo" discute e mostra a atuação do multiculturalismo na sociedade. Mostrando a divisão de Ocidente e Oriente no mundo, fica claro que uma das principais questões abordadas são os tipos de cultura e pensamentos divergentes que se chocam e criam até mesmo o racismo. Isso tudo é chamado de "mito do Ocidente", criada em ficções e logicamente em mitos.

Porém, mesmo com o racismo que há, a Europa se esquece que também é feita de diversas culturas, não havendo então realmente o conceito de Europa "pura", criada anos atrás na Grécia.

A definição de Ocidente é uma grandiosa junção de culturas, que herdou todas as outras em sua formação.

Há também a visão de que a ciência e tecnologia são ocidentais, sendo ignorado novamente o fato de que parte desse avanço na tecnologia foi dado graças a exploração colonial e o neocolonialismo em países de Terceiro Mundo.

Há o eurocentrismo contemporâneo, que veio da sedimentação e hegemonia do colonialismo de forma econômica, militar, política e cultural. A união de grandes instituições mundiais com ideal de um regime de "verdade e poder", teve como tentativa um alcance global, sendo etnocêntrico armado.

Essas instituições interferiram de forma traumática em povos de rica cultura, e mesmo não praticamente existir nos dias de hoje, existe um neocolonialismo, obtendo uma forte aliança entre o capital e as elites.

O racismo existente é um dos resultados do colonialismo, no qual classificou pessoas em "raças inferiores". Assim, em nome do lucro, destruíram a base cultural dessas pessoas, envolvendo a agressão e o narcisismo, criando então um sistema hierárquico complexo.

Esse discurso de racismo pode também levar uma pessoa da comunidade oprimida a adotar o racismo para com um igual a ele.

O sentimento de superioridade provém do racismo, aproveitando da fragilizada antipatia perante ao oprimido.

Racismo não é o mesmo que etnocentrismo. Ele é uma tentativa de classificar as diferenças de forma injusta ou com abusos de poder, tendo uma obsessão pela hierarquia buscando culpar e desvalorizar a vítima.

Com o processo colonial, surgiu o Terceiro Mundo, com sua estrutura em desvantagem e com divisão injusta do trabalho internacional. Tal coisa trouxe considerada fama de nações atrasadas, subdesenvolvidas e primitivas.

Essa teoria de haver três mundos mascara contradições e semelhanças. Isso leva ao Terceiro Mundo um discurso nacionalista, no qual esquece de que é uma sociedade formada de forma mista. O Brasil é um exemplo de parte do Terceiro Mundo por causa racial e econômica.

Surgiu também o chamado "Terceiro Cinema", que caracteriza o conjunto de filmes produzidos nesses países. Porém, os maiores responsáveis pela produção de filmes no mundo são países integrantes dessa "parte inferior". O aumento audiovisual e da população chamou a atenção e o interesse de fora, conseguindo assim, ter cineastas financiados.

Cinematograficamente falando sobre o eurocentrismo, surgiu o chamado hollywoodianismo, por causa da generalização da imitação da forma de se produzir, colocando assim, Hollywood no centro das atenções, tornando as outras variações em dialéticas.

A dependência econômica do Terceiro Mundo se torna a cada dia mais frágil com as pressões neocoloniais ao tentarem fortalecer sua indústria cinematográfica, que aumentam então impostos e ameaçam cortes em outras áreas. Assim, os "países inferiores" recebem muito da produção dos "gigantes de fora" e esses recebem muito pouco deles.

Os povos nativos que existem em todos os outros mundos são esquecidos por causa do Terceiro Mundo. Esses povos são chamados de Quarto Mundo, nos quais foram desaparecendo por causa dos massacres promovidos pelos europeus e seus aliados, com o pensamento da "sobrevivência do mais forte" e o "desenvolvimento" inevitável.

A poderosa mídia indígena "para comunidades que lutam contra a expulsão geográfica, a deterioração econômica e ecológica e o aniquilamento cultural" (p. 70) utilizam de novas formas de tecnologia para promover sua cultura, mas dessa forma carregam o risco de sua própria desintegração.

O pós-colonialismo se tornou um termo que marca um estado, situação e a época contemporânea, geralmente ligado aos países de Terceiro Mundo que conseguiram independência após a segunda Guerra Mundial. Essa dominação não é clara como o "colonialismo" e o "neocolonialismo" que implicam a opressão e a possibilidade de resistência. Toda a estrutura e história não pode sumir com a inserção de um "pós" na palavra.

O mesmo acontece com o termo neocolonial, que surge a repetição com diferença de forma mascarada.

O hibridismo existia antes do colonialismo, que ocupa formas contraditórias e que deve continuar depois de seu término. Essa é a base das relações de poder, que sempre roubaram as outras culturas denominadas "inferiores" e seus seguidores os imitavam.

O discurso multiculturalista é visto como sendo norte-americano, mesmo se encontrando fora dos EUA. Ele é policêntrico, e ganhou significado vazio, no qual diversos grupos projetam medos e esperanças.



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